sábado, 12 de abril de 2014

A CANIBALIZAÇÃO DOS PORCOS E A ADMINISTRAÇÃO DOS HOMENS


PDF Imprimir E-mail
Escrito por Mauro Santayana   
Sex, 11 de Abril de 2014 08:42
(Jornal do Brasil) – Os suinocultores brasileiros estão pedindo ao Ministério da Agricultura – que está “estudando” o assunto – a adoção da suspensão da importação de plasma, material genético, e animais reprodutores dos EUA.
Os Estados Unidos estão enfrentando, neste momento, uma epidemia do vírus da DES – Diarréia Epidêmica Suína, que chegou aos EUA no ano passado, e já atingiu outros países americanos, como o México, Canadá, República Dominicana, Colômbia e Peru, nos dois  últimos casos, países que fazem fronteira com o Brasil.
Mais que com animais vivos, e com material genético, a preocupação de técnicos e veterinários está voltada para o plasma de sangue de suínos importado dos EUA para completar a ração que é dada aos nossos suínos, o que lembra a velha expressão de que “ do porco só não se aproveita o berro”, e nos revela a existência de práticas de vampirismo dignas de um romance como “Crepúsculo” estreado por porcos, como símbolo do ponto a que chegou o capitalismo na canibalizaçãodas espécies em prol da busca desenfreada do lucro.
O uso de proteína derivada da carne, sangue e ossos de mamíferos para a alimentação de animais que não precisam necessariamente disso em sua dieta – principalmente quando derivada da própria espécie – não é boa conselheira.
Primeiro, porque se o plasma fosse bom, os Estados Unidos o estariam usando para completar a  alimentação de seus próprios suínos, e não enviando-o para outros países.
E, em segundo lugar, por causa do impactante exemplo da “vaca louca”, doença que levou ao abate de milhões de reses e trouxe centenas de bilhões de dólares em prejuízo a pecuaristas do dito Primeiro Mundo, justamente por causa da utilização de farinha de carne e ossos de mamíferos contaminados com Encefalopatia Espongiforme Bovina, para completar a ração normal de animais da mesma espécie.
VACA LOUCA
A “vaca louca” levou à proibição, na Inglaterra, a partir de 1996, de qualquer proteína animal na alimentação de ruminantes. A essa altura, a doença já havia se espalhado – por meio da exportação de animais para reprodução e de farinha de ossos e carne pela Inglaterra – para várias partes do mundo, causando enorme prejuízo econômico e colocando em risco milhares de vidas, já que ficou provada depois a sua relação com o aparecimento em humanos de uma nova variante da  doença deCreutzfeldt-Jakob, que é provocada pelo consumo de produtos bovinos contaminados.
Considerando-se a íntima relação mercadológica e regulatória entre os Estados Unidos e a Inglaterra, é preciso saber se, devido à “vaca louca”, estendeu-se  a proibição do uso de proteína de mamíferos vigente na Grã-Bretanha aos EUA, e se a mesma lei vale para suínos. Assim, descobriríamos porque os EUA nos exportam – e não consomem em sua própria ração – o plasma que retiram do sangue de seus porcos.
A vinda à luz desses aspectos, no mínimo, controversos, da Guerra dos Porcos, no contexto da batalha mundial da produção e consumo de proteína animal pelo mercado humano, exige, da parte do Governo Federal, duas atitudes:
Proibir imediatamente - por meio da ANVISA e do Ministério da Agricultura –  o uso de proteína animal – ou, ao menos, de mamíferos – na alimentação de porcos, aves e bovinos.
Aceitar o pedido do setor, de imediata imposição de barreiras à entrada de suínos vivos e de seus subprodutos – principalmente o plasma – de fora do país.
GEOPOLÍTICA
Isso tem que ser feito não apenas por uma questão sanitária, mas também de marketing e de geopolítica. O Brasil não pode, justamente agora, que está a ponto de substituir – devido à questão da Crimeia  - os Estados Unidos como fornecedor de carne suína, bovina e de aves, para a Rússia, permitir que surja o mínimo empecilho no aproveitamento dessa oportunidade.
Isso, sem falar da possibilidade, que não se deve descartar, do aparecimento – devido à importação de “insumos protéicos” de outros países – de graves doenças que podem afetar a saúde da população brasileira.

Fonte: Tribuna da Internet

 
 .......................................................................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário